Levantamento mostra ruas mais perigosas para pedestre

NITERÓI - A estudante Andreia Oliveira saía, sozinha, do Plaza Shopping num sábado à tarde após passear e fazer compras. Ainda sob a luz do sol, com as mãos ocupadas por bolsas grandes, caminhava em direção ao Ingá, onde mora. De repente, no alto da Rua São Sebastião (atrás do shopping), próximo a uma das entradas do Morro do Estado, percebeu um assalto. Segundo ela, ao vê-la, o bandido desistiu da primeira vítima e partiu em sua direção. Pensou em não reagir, mas não conseguiu evitar. Nervoso, o marginal a espancou, antes de fugir com sua bolsa.

— Eu gritei “pega ladrão!” e fui agredida com socos, tapas e chutes. Fiquei muito machucada. A sorte é que ele não estava armado, senão teria atirado em mim — lembra.

O caso, ocorrido no ano passado, assemelha-se a tantos outros que acontecem diariamente nas ruas da cidade. O GLOBO-Niterói fez um levantamento, com exclusividade, baseado em dados obtidos junto à Polícia Civil, para mapear as ruas com maior índice de assaltos a transeuntes nas áreas da 76ª DP (Centro) e 77ª DP (Icaraí).



REPRESSÃO AO TRÁFICO FAZ AUMENTAR ASSALTOS

Na região central, as campeãs, numa média mensal aferida nos cinco primeiros meses de 2014, são as avenidas Visconde do Rio Branco, com 37 casos, seguida da Ernani do Amaral Peixoto, com sete, e Feliciano Sodré, com três ocorrências. Já na Zona Sul, as ruas que registram mais assaltos a pedestres são a Geraldo Martins, com 16 ocorrências, e João Pessoa e Otávio Kelly, com 12 registros cada.

O professor Marko Fasano, morador de Itaipu, costuma ir ao Centro pelo menos duas vezes por semana e diz ter medo de circular pelas ruas do bairro. Ele é uma das vítimas que engrossa a estatística na Avenida Visconde do Rio Branco:

— Fui assaltado este ano, em frente a uma loteria. E já vi vários roubos aqui. Quando vou ao Maracanã, deixo o carro perto da estação e vou de barca, mas fico receoso na volta, à noite. É uma região perigosa, que necessita de mais policiamento.

Para o delegado da 76ª DP, Gláucio Paz, o alto índice na Visconde do Rio Branco é previsível, já que é uma rua com grande circulação de pessoas:

— O problema na região do Centro é que a repressão policial ao tráfico nas comunidades tem impactado nos lucros dos traficantes, fazendo com que eles migrem para outras modalidades de crime, principalmente os assaltos a transeuntes.

Juarez Alberto Knauer, titular da 77ª DP (Icaraí), compartilha da opinião do colega:

— Na nossa área, o tráfico de drogas é o crime que mais preocupa. É uma modalidade que acaba influenciando diretamente em outros crimes, como nos assaltos e roubos de veículos. Procuramos identificar as quadrilhas e tirá-las de circulação o quanto antes e fazemos rondas de repressão qualificada para combater a criminalidade na região.

Os números divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) na quarta-feira corroboram a avaliação dos delegados. Os índices de criminalidade registrados em junho mostram que, em toda a cidade, houve um aumento de 43% nos roubos a transeuntes se comparado com o mesmo mês de 2013: pularam de 235 para 337 ocorrências.

Segundo um investigador da 77ª DP, o horário com maior índice de assaltos é o início da noite, quando os marginais se aproveitam do maior fluxo de pessoas nas ruas e da dificuldade de mobilidade da polícia gerada pelo trânsito intenso. Apesar de o patrulhamento ostensivo ser atribuição da Polícia Militar, a 77ª DP, que costuma fazer rondas, analisa a possibilidade de adquirir motocicletas para facilitar o deslocamento.

CAEM ASSALTO A COMÉRCIO E ROUBO EM ÔNIBUS

A advogada Egly Guimarães, moradora da Rua João Pessoa, foi roubada na porta de casa:

— Eu chegava com meu marido num sábado à noite e, quando estávamos entrando no prédio, um menino me abordou e levou meu celular. Essa rua é muito escura e deserta.

Embora a sensação de insegurança seja evidente em Icaraí, Juarez Knauer diz que os números de roubos estão “dentro da meta estipulada pela chefia de Polícia Civil” e que modalidades criminosas estariam até mesmo regredindo paulatinamente:

— O sequestro relâmpago é um item que caiu em nossa área, assim como as saidinhas de banco.

Outros tipos de crime também regrediram nas áreas das delegacias do Centro e de Icaraí, segundo o ISP, nos últimos três meses se comparados a igual período de 2013: somados os dados das duas regiões, os assaltos a estabelecimentos comerciais caíram quase pela metade (de 58 para 30); e os roubos em coletivos foram 20 casos a menos. Já o índice de roubos a veículos se manteve, com 106.

O comandante do 12º BPM (Niterói), tenente-coronel Gilson Chagas, diz que além dos boletins de ocorrência feitos nas delegacias e das informações fornecidas pelo setor de inteligência da PM é importante o auxílio da população com denúncias.

— Fazemos constantes operações para coibir todas as vertentes de crime. No caso de assaltos a transeuntes, eles ocorrem, em sua maioria, com uso de arma branca ou ameaça. Trabalhamos em cima da mancha criminal, portanto é fundamental que as vítimas façam os registros.

Fonte: o Globo
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